LatAm2013 Tour
São Paulo/SP
6 de abril de 2013
Arena Anhembi
Set list
Tape/Open
High
The End of The World
Lovesong
Push
Inbetween Days
Just Like Heaven
From The Edge of The Deep Green Sea
Pictures of You
Lullaby
Fascination Street
Sleep When I'm Dead
Play For Today
A Forest
Bananafishbones
Shake Dog Shake
Charlotte Sometimes
The Walk
Mint Car
Friday I'm in Love
Doing The Unstuck
Trust
Want
The Hungry Ghost
Wrong Number
One Hundred Years
End
The Kiss
If Only Tonight We Could Sleep
Fight
Dressing Up
The Lovecats
The Caterpillar
Close to Me
Hot Hot Hot!!!
Let's Go To Bed
Why Can't I Be You?
Boys Don't Cry
10:15 Saturday Night
Killing Another
Resenhas
Sabe quando a gente vai num parque de diversões, num brinquedo radical? Nunca lembramos muito do que acontece quando a gente está lá, de ponta cabeça, ou girando rápido, ou chacoalhando...O mesmo quando damos um mergulho em mar aberto, ou um primeiro beijo naquela garota de quem você tanto gosta e que te fez perder noites de sono imaginando como seria?...Como que numa brincadeira irônica, o que fica na memória são aquelas imagens dissipadas, meio borradas e a sensação é de sonho, às vezes Deja vu. Presenciar um show do Cure ao vivo é mais ou menos como isso. É um evento tão rico em imagens, em cores, luzes, névoas, em poesias estranhas, em memorias e sensações...e claro, também sons dissonantes, psicodélicos, distorcidos, graves, agudos e médios voando no ar e chegando em nossos incautos e pobres ouvidos e cérebro e ... coração...Todas timbragens perfeitas dos instrumentos, que são tratados com respeito e carinho. Aí, tudo muda a cada 3, 5, 6, 15 minutos, assim, de repente...Você mal saboreou o último prato, você mal assimilou o que sentiu, o que viu, e Robert Smith e Cia já lhe entregam outra enxurrada de sensações. Claro que cada um tem seus motivos íntimos em gostar de The Cure. Também cada um curtiu o show como lhe convém.
E TODOS estão certos. Da minha parte, posso dizer que tomei uma
SURRA. Era muita coisa para ver, ouvir, sentir, lembrar, assimilar. Era um prato novo, filme novo, um atrás do outro. Over and over and over. Saí extasiado e arrebentado. Fisicamente e emocionalmente. O Cure em disco é sublime na produção e dispensa comentários. Mas é
AO VIVO que eles mostram a que vieram. Tudo é mais pesado, mais
PRESENTE, mais respirável, tátil, saboroso e temperado. Tudo isso não foi da noite para o dia. São 36 anos de banda e muito trabalho. Muitas idas e vindas. Aprenderam a trabalhar os instrumentos, a usar os pedais certos no palco, a cantar melhor, equipamentos ideais...também descobriram o que vale e o que não vale a pena em fazer parte do famigerado "showbusiness" e tiveram a sabedoria e humanidade de se manterem íntegros e afastados de toda megalomania e falsidade do meio. Não são celebridades ocas, são artistas dignos da palavra. Malucos gênios que deram certo. Para felicidade da arte e seus apreciadores.
Tanta coisa acumulada só podiam resultar numa coisa: Uma banda perfeita, com um repertório perfeito, carisma perfeito e entrega total. Melhor ainda, comunhão total!
Sabe....ás vezes penso no tamanho do mundo. Imaginando ver esse pequeno globo azul do céu, da lua e imagino quantas e quantas pessoas pisaram nesse chão desde tempos remotos. Pensadores, políticos, assassinos, tiranos, reis, escritores, pintores...E quantas ofereceram à humanidade, músicas simples e poderosamente íntimas e emocionais como essas banda? E todos sabemos, tocar profundamente nossos sentimentos, sejam eles alegres ou sombrios, nos faz nos conhecer melhor. O The Cure conseguiu isso. Por eles e por nós. Afinal, somos fãs disso. Tentamos compreender isso. Nos torna mais próximos de algo divino e por consequencia, pessoas melhores. Eu acredito nisso.
Os comentários dos amigos pós show, até um dia depois, dois dias depois mostram bem isso: - "Meu, tomamos uma surra de The Cure!" - "Parece que foi um sonho" - " Parece que ainda estou sonhando" - "Melhor banda do mundo!" - "Esse show mudou minha vida!" - "Estou hipnotizado até agora!" e muitas outras...o que me faz pensar que nossos sentidos não estão tão acostumados com isso. Que precisamos conviver mais vezes com experiências como essa. Enfim, palavras não conseguem expressar com precisão. E nem precisa. Foi histórico e acachapante. Visceral e catártico! Além de uma aula de mestre para quem aspira ser um artista. Talvez seja por isso também que eles adiam sua aposentadoria. Ainda há o que se passar pra frente. E sempre haverá.
Entrego esse texto inacabado, pois eu poderia demorar 17 anos ajustando-o e nunca ficaria satisfeito. Porque isso não tem fim.
NUNCA!
A Interlude, agora mais do que nunca, vai continuar sua peregrinação, sua saga em terras brasilis. Tentando, humilde e singelamente mostrar um tiquinho de nada que seja disso tudo. Um pingo nesse oceano Cureano. E principalmente fazendo do jeito que eles ensinaram: Com paixão, energia e entrega. Nos divertindo, conhecendo outros loucos como nós e tentando angariar mais alguns para nossa religião. Para quando eles voltarem um dia, tenhamos mais e mais discípulos. Vida longa ao
The Cure!
Eu nunca estive tão
Brilhante, veja como era a minha cabeça antes
Eu nunca estive tão
Maravilhoso, você quer mais
E tudo o que eu quero é ficar assim
Eu e você sozinhos
Um beijo secreto
E não vá para casa
Não vá embora
Não deixe isto acabar
Por favor fique
Não apenas por hoje
From the edge of the deep green sea
(Por Samuel)
Existe aquela história que diz que, um segundo antes da gente morrer, todas as imagens dos acontecimentos ao longo das nossas vidas passa pela nossa cabeça. Eu não queria começar esta resenha dessa maneira mórbida, mas essa é uma boa analogia que consegue explicar o que aconteceu naquele sábado, desde o momento que acordei até quando fui dormir, às quatro da manhã do outro dia, depois de um 6 de abril que incluiu a noite que o The Cure tocou pela primeira vez em São Paulo em 17 anos.
Mesmo tendo lido durante anos resenhas de outros fãs que haviam assistido a banda ao vivo e tinham expressado o quão fantástico tinha sido, ou ter ouvido do Samuel e do David como o show do Rio tinha sido espetacular, eu não estava preparada para o que ia acontecer assim que eu comecei a ouvir Tape tocando.
Eu já conheço o show deles. Já conheço Tape, Open, High... Todas as 40 que eles tocaram, depois de tanto tempo vendo os mesmos vídeos delas sendo tocadas ao vivo. Mas o que acontece ao vivo é algo difícil de explicar. Não importa como as pessoas chegaram lá, que vida elas levam no dia-a-dia, qual tipo de pensamento elas têm. Quando Tape começou, foi como se o Cure tivesse fechado todos dentro de uma redoma de vidro e alguém tivesse jogado um jato de tinta na cabeça de todas as pessoas, de quem ouve e deles próprios, e todos tivessem ficado com determinada cor. E em todo momento, eles jogavam um jato de tinta de cor diferente. Você vai acumulando aquela tinta e ficando todo colorido. No final do show, tão colorido, mal sabe a sua cor. Mal sabe se chegou lá amarelo ou vermelho. E nem acha mais que isso importa. Quer ficar colorido por dias.
Ver o Simon tocando acho que foi mais emocionante do que ver o Robert e, embora eu não admire mais um do que o outro, como músicos, foram as linhas de baixo do Simon que me fizeram enxergar música de uma maneira bem diferente do que eu via antes. Além de começar a tocar baixo, mesmo ter vontade de arranhar outros instrumentos. Vê-lo ao vivo também me fez ter uma imagem dele que eu nunca tinha tido vendo shows em vídeo - diferente dos outros quatro músicos, o Simon e o baixo me pareceram ser uma coisa só. Como se o baixo fosse parte do corpo dele. Sensação bem esquisita, bem maluca. Sempre achei que a naturalidade com que ele toca, e cria os sons no baixo, se equivalem a uma pessoa que fala bem, ou escreve bem sobre os próprios sentimentos. Como se ele 'falasse' com o baixo, a exemplo do Robert que fala através das letras. Perdi a conta das músicas do Cure que ouvi em que o baixo parece falar o que a letra fala. 'How Beautiful You Are' e 'Numb' são dois exemplos.
Fora o fato do homem ter 52 anos de idade e pular durante três horas sem parar. É contagiante ver aquilo, uma paixão pelo que faz que não enfraqueceu com o tempo. Nesse sentido, o Robert não ficou atrás. Há muito tempo ele anda economizando nos vocais - naturalmente -, mas continua cantando com alma e alegria pelo que faz. E lá estava ele na quadragésima música fazendo as versões um pouco mais pesadas - que eu adoro - que o Cure faz de 'Killing an Arab', a plenos pulmões e animado como um moleque de dez anos. E sempre deixando o palco passando uma sensação de que queria tocar só mais uma.
Robert terminou o show de São Paulo com seu 'see you again soon' um tanto convencional. Dizer isso na França é diferente de dizer no Brasil. No Brasil soou um pouco triste, porque a gente aqui sabe que este foi o último show do The Cure por estas terras. De qualquer forma, as lembranças daquele dia foram tão intensas que eu quase posso embrulhá-las numa caixa e guardá-las, para revisitar quando quiser. Poucos dias são flores sem espinhos na vida da gente, e aquele dia não foi diferente. Mesmo assim, não há nada que eu gostaria que fosse mudado.
Muito bom poder compartilhar esse momento com meus amigos e companheiros de banda, o David e o Samuel, pessoas que eu gosto muito e com quem eu compartilho as coisas sobre o The Cure há muito tempo. Fico feliz que a minha lembrança desse show do The Cure também envolva os dois. Bom também ter a Camila, a Carol, o Ian, o Ricardo Zumbido e o Teco por perto enquanto o The Cure tocava.
Nunca gostei muito de 'Fight' mas, por alguma razão, no dia seguinte, era ela que estava vindo na minha cabeça o tempo todo.
Fight fight fight
So when the hurting starts
And when the nightmares begin
Remember
You can fill up the sky
You don't have to give in
Never give in
(Por Tiemi)

Antes do show do The Cure em São Paulo (06/04/13)

Tiemi, David e Teco antes do show do The Cure em São Paulo (06/04/13)

Tiemi e David antes do show do The Cure em São Paulo (06/04/13)

The Cure toca 'A Forest' na Arena Anhembi, São Paulo, Brasil (06/04/13)

Fim do show. Just Like Heaven!
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